16 set Barulhos modernos, ruídos coloniais: a sonora São Paulo entre os séculos XIX e XX

Resumo: Enquanto emissoras de rádio recém-nascidas irradiam pelo ar perturbações atmosféricas e sinfonias de teias de aranha, a banda do Ettore Fieramosca desce a ladeira trompetando hinos em volume interplanetário. Pa, pa, pa, pum! Um boi mugiu. Na Sé, o Ofertório da Missa de Santa Cecília desperta murmúrios sobre um esquecido mestre de capela português, e sambistas engraxates batucam seus caixotes e latinhas. No Brás, as andorinhas desafiam o apito da fábrica de tecidos. Um barbeiro assobia a “Napoletana”. Buzinas gritam como porco do mato. O violão do Canhoto no bar Cascata e a orquestra da Rádio Record paralisam quem passa pela Quintino Bocaiuva. Na saída do Theatro Municipal, engarrafamento de automóveis e cavalos. Logo de manhã, um menino rasgado grita as últimas notícias do jornal: Extra! Extra! Balbúrdia no Café Cantante e falatório de gramofones na Rua XV de Novembro.